terça-feira, 1 de abril de 2008
Conto que o David fez em cima da minha poesia de ontem!
Procurou na mochila o pouco que achou ter restado da inocência. O que encontrou? Um frasco quase vazio. Contia apenas uma gota lilás cintilante. Colocou-o novamente na mochila, repousando-a no chão coberto por seus bichos de pelúcia. Rasgados. Espalhados. Pedindo um perdão febril e angustiante. Todas sabiam que ela tinha pressa.Tinha pressa de pegar a estrada e andar sem medo. Tanto que despiu-se do relógio quebrado. Sentia-se dona do próprio tempo e do Espaço. Espaço este que agora ela contemplava com carinho. Jogou-se ao lado da mochila, imaginando-se deitada nas estrelas, sonhando com a madrugadaque talvez estivesse chegando, ou mesmo indo-se com a lufada triste que soprava.Pensou no por do sol escondido pelos prédios cinzas, tão cheios de solidão e tão vázios de sentimentos. Fechou os olhos e viu a lua. Seus olhos eram as cortinas que ocultavam a dama prata dos céus noturnos.Contudo, lembrou-se que tinha pressa. Não sabia porque. Sabia que era necessário. Era sua unica possibilidade desde que descobriu numa manhã de ressaca que possuia um lindo par de asas. Quando havia esquecido que era um anjo? E quando anjostinham sexo? Não sabia responder. Não porque não sabia realmente, mas não queria. Perguntas são apenas perguntas, elas que devem procurar o seu par de respostaColocou a mochila nas costas, de modo que não a incomodasse quando batesse as asas e encontra-se o céu. Antes, pegou o frasco quase vazio e olhou mais uma vez a gota lilás cintilante. Aquela gota era o destino. Este sim, pensou, cheio de possibilidades. Todas couberam nas suas asas de um amor eterno. Um amor sem inocência.
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